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  • O BRASIL EH O QUE ME ENVENENA MAS EH O QUE ME CURA (LUIZ ANTONIO SIMAS)

  • Vislumbres

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    Fragmentos de textos e imagens catadas nesta tela, capturadas desta web, varridas de jornais, revistas, livros, sons, filtradas pelos olhos e ouvidos e escorrendo pelos dedos para serem derramadas sobre as teclas... e viverem eterna e instanta neamente num logradouro digital. Desagua douro de pensa mentos.


    sexta-feira, abril 19, 2024

    Flavia, sobrinha

     


    ZIRALDO



    HIPPERT

     

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    Chega de homenagens



    MARIO BAGG

     

    Súplica (Otávio Gabus Mendes, José Marcílio e Deo) – Orlando Silva


    Aço frio de um punhal
    Foi o seu adeus para mim
    Não crendo na verdade, implorei, pedi
    As súplicas morreram sem eco, em vão
    Batendo nas paredes frias do apartamento

    A fome como arma

     

     

     "Antes da guerra, tínhamos boa saúde e corpos fortes”, disse recentemente uma mãe à agência humanitária britânica Oxfam. “Agora, quando olho para meus filhos e para mim, perdemos muito peso. Tentamos comer tudo o que encontramos, plantas ou ervas comestíveis, apenas para sobreviver.”

    Outra mãe de seis filhos repetiu esse
    relato à Organização Mundial da Saúde e
    explicou que nos mercados as plantas sil-
    vestres estão principalmente disponíveis
    a altos preços, “sem legumes, frutas, su-
    co... sem lentilhas, sem arroz, batatas ou
    berinjelas, nada”, levando muitos a sobre

    viver à base de malva, uma erva daninha
    comum. Numa Gaza arruinada e sitiada,
    constantemente sob a ameaça de bombas,
    artilharia e drones, a vida é definida por
    um refrão repetido por muitos: “Ainda es-
    tou vivo. Continuo a respirar”."

    LEIA REPORTAGEM DE PETER BEAUMONT & KAAMI MAHLI

     

     

    Parece que ele não tá bem não



    GEUVAR

     

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    The Allman Brothers Band - Jessica



    IN MEMORIAM DICKEY BETTS

    Dickey Betts, Fiery Guitarist With Allman Brothers Band, Dies at 80

     

    Dickey Betts, a man with longish brown hair and a mustache, plays an electric guitar. He wears a brown leather jacket and has an intense look on his face. 

     

     

     

     "Dickey Betts, a honky-tonk hell raiser who, as a guitarist for the Allman Brothers Band, traded fiery licks with Duane Allman in the band’s early-1970s heyday, and who went on to write some of the band’s most indelible songs, including its biggest hit, “Ramblin’ Man,” died on Thursday at his home in Osprey, Fla. He was 80."

    READ OBIT BY ALEX WILLIAMS

     

    quinta-feira, abril 18, 2024

    '3 Body Problem': What do the San-Ti aliens look like?

     A woman with a sword floats in the air in front of three suns in an orange sky.

     

    "Netflix's 3 Body Problem is a show that leaves us with a lot of questions at the end of its first season. How different are Liu Cixin's books, upon which the show's based? What does the joke that Dr Ye Wenjie (Rosalind Chao) tells Saul Durand (Jovan Adepo) really mean?

    But one of the biggest question marks has to be over the San-Ti themselves — the alien race making their slow and steady way to Earth in order to find a (gulp) new home. Although we hear them speaking in the show (via a human voice and in their VR game), we never actually see their true forms. So what do the creatures coming to wipe out the human race actually look like? What clues are there in the show, and in Cixin's novel trilogy?"

    read more>>

    '3 Body Problem': What do the San-Ti aliens look like? | Mashable

    World Press Photo 2024 – global winners

     

     

    World Press Photo 2024 – global winners | Media | The Guardian


     

    Ziraldo & Ykenga


     

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    Narigudo

     


    MARIO BAGG  >>
     

    Walter Franco - Gema do Novo

    MUUUUUSK

     

     
     
     

     
     
     
     

     

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    Ziraldo e a alegria da resistência

     

    Sentada, encostada a uma árvore, uma criança lê o livro "Menino maluquinho", do Ziraldo. Aos seus pés há uma pilha de outros livros infantis de autoria do Ziraldo. Ao lado da criança, sentado tipo na relva, há um adulto de cabelo branco lendo o Pasquim, talvez o Ziraldo, talvez um avô ou avó da criança.
     

     

    Fernanda Torres

    No início da década de 1970, no arrocho da ditadura militar, o bairro do Jardim Botânico no Rio de Janeiro era o refúgio de artistas e intelectuais cariocas. No afã de que seus filhos usufruíssem de uma liberdade inexistente para além do portão de suas casas, essa geração de pais aderiu em peso ao ensino construtivista.

    Eu e meu irmão, Claudio, fomos matriculados no Centro Educacional da Lagoa, uma escola pequeníssima, que prometia milagres com Piaget. Fabrízia Pinto era da mesma sala do meu irmão. No primeiro dia de aula, a molecada se apresentou com seus caderninhos encapados e os da guria causaram furor. Decorados com caricaturas dela ao lado de letras vivas, ou fugindo dos números 2 e 3, eles exibiam o traço inconfundível de Ziraldo, pai de Fabrízia e autor de uma febre chamada Flicts.

    A casa Ziraldo e Wilma sempre esteve aberta, palco das festinhas de adolescência, de viradas, ensaios e contestações. O casal era próximo dos meus pais e os filhos regulavam de idade. Daniela, primogênita dos Pinto, era diferente. Metida até a orelha com o movimento estudantil, os pais acharam por bem mandá-la para Londres, onde se formou em letras e se descobriu cenógrafa.

    Daniela virou lenda para os novinhos, circulando com desenvoltura pela vanguarda do primeiro mundo. Seu cenário de "All Strange Away", de Samuel Beckett, peça dirigida pelo companheiro Gerald Thomas, no icônico teatro La MaMa de Nova York, recebeu elogios da crítica e a irmã mais velha de Fabrízia deu no NY Times.

    Caçula entre os caçulas, eu jamais imaginei que trocaria meia ideia com a moça, mas a vida nos fez parceiras e irmãs de unha e carne.

    Ano passado, participamos de "Ainda Estou Aqui", filme dirigido por Walter Salles, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, sobre a história verídica de outra família progressista dos anos 1970 radicada na Cidade Maravilhosa: os Paiva. Durante os ensaios da cena em que Rubens Paiva, pai de Marcelo, é levado de casa pelos agentes do DOI-Codi, Daniela confessou estar revivendo um pesadelo de infância.

    Pouco antes de Rubens ser capturado e morto, Ziraldo fora levado por gorilas da linha-dura do tão conhecido apartamento da Fonte da Saudade. Eu sabia das histórias da prisão da turma do Pasquim, mas a versão íntima da minha amiga criança era novidade.

    Assim como Marcelo, Daniela acordou com homens armados na sala de casa. Ao ver o pai ser conduzido para a porta pelos brutamontes, ela se agarrou à sua perna para impedir a ação. Ziraldo a afastou, ríspido, num gesto de medo e cuidado que, para a menina, pareceu rejeição.

     Na mesma época, minha mãe foi chamada para depor na Aeronáutica, mas jamais foi retirada de casa à força, como Ziraldo, ou trancafiada numa solitária, sem deixar rastro de seu paradeiro. Dona Fernanda não foi assassinada numa sessão de tortura, como Rubens Paiva, embora tenha sofrido um atentado a bala pouco antes da abertura, suspeita-se que a mando do CCC, de São Paulo.

    Eu e meu irmão sabíamos bem o que era censura, mas não fomos testemunhas diretas do sadismo e da violência de Estado do regime autoritário, como os Pinto e os Paiva.

    Um ano antes de "Ainda Estou Aqui", Daniela dirigiu com Andrucha Waddington a série "Fim", adaptação para o Globoplay do meu livro homônimo. Nas inúmeras filmagens no São João Batista, notei que ela estudava com afinco a locação, esquadrinhando as ruas e lotes do cemitério. Daniela procurava um jazigo para o pai. Ao comentar que minha família tinha por hábito cremar e jogar as cinzas ao pé de uma árvore, Daniela me respondeu, com um sorriso irônico, que aquela não era uma opção. "Ziraldo jamais me perdoaria".

    Um ano e pouco depois, ele nos deixaria.

    No mesmo São João Batista do "Fim", acompanhei o féretro de Ziraldo até uma transversal da alameda principal. O túmulo minimalista de mármore negro, de autoria da Daniela, lembrava uma escultura de Kiefer ou Rauschenberg. Dora, sobrinha neta do cartunista, puxou um "Besame Mucho" em homenagem ao amante latino, e o Menino Malucão de Caratinga, que me alfabetizou com "Flicts" e os meus filhos com o "ABZ", foi depositado na sua última morada, sob aplausos de amigos e familiares.

    Ziraldo, como meu pai, sofreu de longa moléstia e sua partida era esperada. Livre do corpo enfermo, a memória dele emergiu, com a potência de uma vida usufruída até o caroço. Ziraldo foi a alegria da resistência e, diante do seu túmulo, localizado entre os de Carmen Miranda, Santos Dumont e Tom Jobim, pensei que, talvez, seja mesmo importante ter um local simbólico para manter viva a memória de quem insiste num Brasil humano, criativo e justo.

    Gente que sobreviveu às guerras quentes e frias, que parecem querer ressuscitar agora.

    FOLHA

     Ilustração de Marta Mello

    Karla, sobrinha


     

    Dickey Betts - Ramblin´Man (IN MEMORIAM)

    John Sinclair, 82, Dies; Counterculture Activist Who Led a ‘Guitar Army’

     A black-and-white photo of John Sinclair, a young man with long dark hair, a mustache and wire-rimmed glasses. He wears a black jacket and holds up a fist.

     

    "As the leader of the White Panther Party in the late 1960s, Mr. Sinclair spoke of assembling a “guitar army” to wage “total assault” on racists, capitalism and the criminalization of marijuana. “We are a whole new people with a whole new vision of the world,” he wrote in his book “Guitar Army” (1972), “a vision which is diametrically opposed to the blind greed and control which have driven our immediate predecessors in Euro-Amerika to try to gobble up the whole planet and turn it into one big supermarket.”

    He also managed the incendiary Detroit rock band the MC5. Their lyrics — “I’m sick and tired of paying these dues/And I’m finally getting hip to the American ruse” — were a kind of ballad for the cause."

     read obit by Michael Rosenwald : 

    John Sinclair, 82, Dies; Counterculture Activist Who Led a ‘Guitar Army’ – DNyuz

    No Senado Federal...



    ARTEVILLAR

     

    Sons of former Beatles Paul McCartney and John Lennon release new song together

     

     

    "For six decades, the partnership summarized by the songwriting credit “Lennon-McCartney” has been pop music’s gold standard. So there was some surprise last week when fans woke up to a brand-new track from McCartney and Lennon — if not the same duo."

    read more and listen to the song

    Sons of former Beatles Paul McCartney and John Lennon release new song together | The Straits Times

    Vanguard Jazz Orchestra - Up from the Skies,

    Uncharted Territory Dead Ahead]

     

     

    “If the anomaly does not stabilize by August — a reasonable expectation based on previous El Niño events — then the world will be in uncharted territory. It could imply that a warming planet is already fundamentally altering how the climate system operates, much sooner than scientists had anticipated."

    read more>>

    Uncharted Territory Dead Ahead - CounterPunch.org

    quarta-feira, abril 17, 2024

    Angelique Kidjo - "Voodoo Chile" (Hendrix)


     

    Mars - Helen Fordsale (1978)

    Wee And The Revelations-Somebody To Love(1969).***



    When the truth is found to be liesAnd all the joy within you diesDon't you want somebody to loveDon't you need somebody to loveWouldn't you love somebody to loveYou better find somebody to loveLove, love

    O XIS DA QUESTAO

     

     

     " As manifestações do bilionário não são intempestivas e tresloucadas, muito menos isoladas. Elas têm objetivos muito claros que envolvem interesses econômicos e políticos do empresário não apenas no Brasil, mas também na América Latina."


    LEIA REPORTAGEM DE RENATA MIELLI

     

     

     

    60 anos do golpe militar

     

    Celso Rocha de Barros

     

    Tanques em Brasília no dia 1º de abril de 1964

     

    Em 31 de março de 2024 fez 60 anos que a UDN aderiu à luta armada.

    Derrubaram um presidente legítimo e prometeram eleições presidenciais em 1965. A eleição só aconteceu em 1989. Quem tinha 46 anos votou para presidente pela primeira vez junto comigo, que tinha 16.

    O regime militar durou 20 anos, que corresponderam aos últimos 20 anos da "Era Vargas". Foi uma época de crescimento econômico rápido, como haviam sido os 20 anos de democracia entre 1945 e 1964. Muitos países têm alto crescimento em fases como essas, marcadas por êxodo rural e outras transformações sociais típicas do início do processo de desenvolvimento.

    Na democracia de JK, entretanto, a desigualdade de renda caiu. Na ditadura de Médici, aumentou. A democracia de JK entregou o Brasil para a ditadura com uma dívida externa de pouco mais de US$ 3 bilhões. A ditadura de Médici entregou o Brasil de volta para a democracia com uma dívida externa de US$ 100 bilhões.

    Durante o período de alto crescimento da ditadura, as greves eram proibidas. A ditadura reajustava os salários por um índice de inflação falsificado. Em 1977, a Folha teve acesso a um relatório do Banco Mundial com o índice real de inflação, bem maior que o divulgado pela ditadura. Foi denunciando essa mutreta que Lula se tornou conhecido dos brasileiros.

    Nos grandes projetos de desenvolvimento realizados com imprensa censurada e Judiciário castrado, o cartel das empreiteiras estabeleceu seu controle sobre a política brasileira. A Odebrecht, por exemplo, só entrou para o clube das grandes empreiteiras quando a ditadura lhe entregou a construção das usinas nucleares brasileiras, 2 das 3 sem licitação. O cartel só foi desmantelado graças à versão vitaminada do Ministério Público criado pela Constituição de 1988.

    O leitor pode perguntar: mas, então, a ditadura não fez nada de bom? Fez. Criou o Banco Central, a Embrapa, a aposentadoria rural. E aí o leitor pode pensar: pô, pena que a ditadura não acabou logo depois de fazer essas coisas, ou antes de se endividar demais, ou antes do AI-5.

    Então, filho: esse é um dos motivos pelos quais o negócio se chama ditadura. Ele não vai embora depois que a maioria já encheu o saco. Se você duvida, volte no tempo e defenda o impeachment do Costa e Silva. Tente vencer eleições contra o Médici. Investigue o que o cartel das empreiteiras está fazendo sob o Geisel.

    Muitos jovens que não podiam fazer nada disso radicalizaram e aderiram à luta armada. Um grande número deles foi torturado até a morte pela ditadura. Em 68, eu provavelmente teria me juntado a eles.

    Vire o ano de cabeça para baixo e, em 89, lá estava eu no início do processo pelo qual a democracia brasileira, através de uma série de sucessos, me transformaria em um pacífico social-democrata.

    Imagine como a geração que viveu a ditadura gostaria de ter tido a chance de derrotar o golpe de 64, prender os golpistas, e superar a crise política do início dos anos 60 dentro da democracia.

    Bom, em 2022, 1964 perdeu. Nós temos a chance de prender golpistas e superar nossa crise política dentro da democracia. Não podemos desperdiçar esse privilégio, pelo qual tanta gente boa teria dado a vida 60 anos atrás.



    FOLHA

     

    Joe Pyne vs Zappa



    MARIO BAGG

     

    3 imagens




     



    QUINHO

     

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    When I Paint My Masterpiece - Bob Dylan

    Train wheels a-running through the back of my memoryWhen I ran on the hilltop following a pack of wild geeseSomeday everything is gonna sound like a rhapsodyWhen I paint my masterpiece
     

    PALAVRAS

     

    Donald Trump transforma raiva, medo e ressentimento em entretenimento. 

    - Fintan O'Toole

    Joe Bushkin Trio - Boogie Woogie Platter (1946)

    Filme lembra chefe da reforma agrária do governo Jango em meio aos 60 anos do golpe

     

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    NAIEF HADDAD

    Em meio à efeméride dos 60 anos do golpe militar, muito se fala sobre os principais vitoriosos, como os generais Castello Branco e Costa e Silva, e sobre alguns derrotados, como o presidente deposto João Goulart (PTB), o Jango, e o então deputado federal pelo Rio Grande do Sul Leonel Brizola.

    Entre esses últimos, um nome pouco lembrado é o de João Pinheiro Neto (1928-2006), que comandou uma área tida como essencial por Jango, a política agrária, um dos pontos centrais das chamadas reformas de base.

    Um novo documentário deve contribuir para tirar Pinheiro Neto do esquecimento. Com direção de Barbara Goulart (neta de Jango) e Caio Bortolotti, “Terra Revolta” tem sessão para convidados no dia 4 de abril no Rio e estreia nos cinemas de São Paulo e do Rio em 2 de maio.

    Nascido em uma família de expoentes da política mineira, esse advogado e professor foi assessor de Juscelino Kubitschek (PSD) ao longo dos anos 1950 e teve uma breve passagem como ministro do Trabalho e da Previdência durante o período parlamentarista (1961 e 1962), com Jango como presidente e Tancredo Neves como primeiro-ministro.

    A fase mais relevante da sua vida pública veio em seguida, quando, depois de um plebiscito, o Brasil retomou o sistema presidencialista, com Jango no Planalto. De meados de 1963 ao golpe militar, iniciado em 31 de março de 1964, Pinheiro Neto esteve à frente da Supra (Superintendência da Reforma Agrária).

    Homem culto e de porte quase aristocrático, nunca foi um extremista de esquerda. Ao seu modo, decidiu enfrentar a desigualdade social.

    Entre os entrevistados do filme, estão Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, e Almino Affonso, ministro do Trabalho de Goulart em 1963, além de familiares e amigos de Pinheiro Neto.

    “De maneira paradoxal, Jango, um proprietário de terras, passou a sustentar a necessidade da reforma agrária como uma das bandeiras do seu governo”, lembra Affonso.

    Tanto é assim que, no famoso comício da Central do Brasil, o presidente assinou o “decreto da Supra”, que, em linhas gerais, determinava a desapropriação das terras de mais de 500 hectares localizadas em uma faixa de dez quilômetros à margem de ferrovias e rodovias federais.

    Numa entrevista concedida à cineasta Lúcia Murat nos anos 1990, com trechos exibidos em “Terra Revolta”, Pinheiro Neto comentou as incessantes pressões vindas de fazendeiros, mas não só. Muitos empresários e militares também estavam indignados com o “decreto da Supra”.

    JK, uma espécie de mentor de Pinheiro Neto, se distanciou do governo Jango neste momento.

    Era “uma proposta reformista, modernizadora, que nós jamais saberemos a que teria nos levado”, diz a historiadora Angela de Castro Gomes sobre aquele plano de política agrária.

    Com o golpe instalado nos palácios e nas ruas, Pinheiro Neto passou algumas semanas na prisão. Foi a julgamento e, defendido por Sobral Pinto, acabou absolvido. Nunca mais retomou a vida pública.

    TERRA REVOLTA – JOÃO PINHEIRO NETO E A REFORMA AGRÁRIA

    Quando: sessão para convidados: às 20h do dia 4 de abril (quinta) no Estação Net do shopping Gávea, no Rio de Janeiro; estreia para o público prevista para 2 de maio em São Paulo e no Rio

    Produção: Brasil, 2023

    Direção: Barbara Goulart e Caio Bortolotti

    Duração 73 min.

    FOLHA 

     

    Planos de saude cancelam



    JEAN

     

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    terça-feira, abril 16, 2024

    Rock ’n’ roll is really good at dealing with the difficulties of aging.

     Jeffrey St. Clair >>

    + In an interview with the NYT, Pete Townshend said he doesn’t get much of a kick from performing live anymore and that The Who (or what remains of the band) would probably do one more global tour, then “crawl off and die.”

    “AC/DC made 50 albums, but all their albums were the same,” Townshend said. “It wasn’t the way The Who worked. We were an ideas band. (…) I’ve got about 500 titles I might release online, mostly unfinished stuff. We’re not making Coca-Cola, where every can has to taste the same. And it’s turned out, surprise, surprise, that rock ’n’ roll is really good at dealing with the difficulties of aging. Watching Keith Richards onstage, trying to do what he used to do — it’s disturbing, heart-rending, but also delightful…The Who isn’t Daltrey and Townshend onstage at 80, pretending to be young. It’s the four of us in 1964, when we were 18 or 19. If you want to see The Who myth, wait for the avatar show. It would be good!”

    Saint-Saëns - Violin Concerto No.1 in A major, Op.20

    ADEUZ, com Z de ZIRALDO

     EDIEL RIBEIRO

    “Nasci numa pequena cidade de Minas. Até aí nada demais. Muita gente nasce em cidades pequenas, distantes e quietas”.
    Caratinga, a cidade ao qual Ziraldo se refere no primeiro parágrafo da crônica "Reminiscências", logo também ficou especialmente pequena para o cartunista.

    Com pouco mais de 20 anos, como um D'Artagnan, Ziraldo deixou Caratinga com o desejo de conquistar o Rio de Janeiro e - quiçá - o mundo. Quando partiu, seu pai colocou em seu bolso algum dinheiro e um bilhete onde escreveu “Os Dez Mandamentos de Como Vencer na Vida”, conselhos que Ziraldo seguiu a risca e que, em 1954, foram publicados no jornal “Folha de Minas”.
    Irônico, agil e incansável, Ziraldo Alves Pinto é um cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista e jornalista (ufa!) brasileiro nascido no interior de Minas Gerais, no dia 24 de outubro de 1932.

    Desde pequeno, lia muito e era considerado um menino prodígio. O menino que desenhava em todos os lugares, na calçada, nas paredes e na sala de aula, aos sete anos, teve seu primeiro desenho publicado na “Folha da Manhã
    ”.
    "Em minha cidade chegava pouca coisa, mais eu lia os livros do meu pai e as revistas "Tico-Tico". Depois, ainda em Caratinga, descobri os gibis. Quando vi uma caricatura do Dutra, feita pelo Théo, disse pro meu pai - que queria que eu estudasse pintura com Mário Andena, um pintor italiano que morava em Caratinga: "Pai, é isso que eu quero fazer! Olha aí: é o Dutra e não é o Dutra!" - disse.
    O cartunista começou profissionalmente em uma revista chamada "Coração". Aos 17 anos, publica histórias em quadrinhos nas revistas “Vida Infantil”, “Sesinho”, “Vida Juvenil” e colabora com charges nos últimos números de “O Malho”.

    Em 1952, ingressa na Faculdade de Direito da UFMG e começa a publicar trabalhos mensais na revista “Era Uma Vez”. Dois anos depois, inicia a publicação de uma página de humor no jornal “Folha de Minas”.

    Autodidata, Ziraldo se diz influenciado por grandes nomes do humor, como Ronald Searle, André François, Manzi e Steinberg. Nas artes plásticas, o artista cita como principais influências Picasso, Miró e Goya.

    A partir de 1963, já no Rio de Janeiro, Ziraldo torna-se conhecido do público brasileiro por suas publicações nas revistas “Cigarra”, “O Cruzeiro” e "Jornal do Brasil", onde cria, entre outros personagens, “Os Zerois”.

    O cartunista foi ainda diretor de arte da revista “Visão”, publicitário e coordenador gráfico do Festival de Filme do Rio de Janeiro. Publicou trabalhos nos EUA e Europa; editou a revista “Fairplay”; e o “Cartum JS”, no “Jornal dos Sports”; publicou “Flicts”, “Jeremias, O Bom”, “O Menino Maluquinho” e participou da criação do jornal “O Pasquim”.

    No semanário carioca viveu bons e maus momentos: "Na noite do AI5, eu estava no bar Veloso, quando, de repente, alguém chegou com a notícia: "Deram o golpe!" E aí foi aquele corre-corre para esconder gente. No dia seguinte, a polícia invadiu a minha casa. Eu estava desenhando, quando eles chegaram. Fui levado para o Forte de Copacabana".

    No final dos anos 60, com o sucesso de seu primeiro livro infantil “Flicts” - a história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo - Ziraldo se dedica a literatura infantil e lança, junto com Maurício de Souza, os livros “Menino Maluquinho”, “Turma da Mônica”, “Chico Bento” e “Astronauta”.

    Entre os prêmios recebidos durante a carreira destacam-se o “Oscar Internacional de Humor”, de Bruxelas e o “Prêmio Merghantealler”, da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Caracas, o “Prêmio Hans Cristian Andersen”, o “Prêmio Jabuti” e o “Prêmio Caran D`Ache”, o “Prêmio Ibero-americano de Humor Gráfico Quevedo” e o “Prêmio da Imprensa Livre da América Latina”.

    Conheci Ziraldo em 1981, no lançamento do livro “O Pipoqueiro da Esquina”. Nos encontramos algumas vezes depois. Em 2003, no “Sindicato do Chopp”, no Leme, em um papo longo, conversamos sobre nosso primeiro encontro, sobre o livro em co-autoria com Carlos Drummond de Andrade, lançado pela Codecri e sobre a coincidência de nossos nomes terem sido inventados por nossos pais. O dele pelo seu Geraldo, que somou parte de seu nome ao nome da dona Zizinha, mãe do Ziraldo. E o meu pela minha mãe, dona Edith que somou o início de seu nome ao final do nome do meu pai Manoel, formando o Ediel.

    Irmão do também cartunista Zélio Alves Pinto, Ziraldo foi casado por mais de quatro décadas com Vilma Gontijo Alves Pinto com quem teve três filhos: Daniela, Fabrizia e Antônio. Atualmente o cartunista é casado com Márcia Martins da Silva.

    O menino Ziraldo estava predestinado a vencer na vida. Em Caratinga ou em qualquer outro lugar do mundo. “No dia que eu descobri que não queria vencer na vida, já era tarde demais: eu já tinha vencido”, disse.

    P.S: O cartunista e escritor Ziraldo morreu neste sábado (6/4) aos 91 anos de causas naturais.

    *Ediel Ribeiro é jornalista, cartunista e escritor.
    *Crônica publicada n'O Folha de Minas, em outubro de 2022.

     


    Zappa


     

    MARIO BAGG

    NETANYAHUS

    FERNANDES
     

     
     
    AROEIRA


     

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    3 ruas de paquetá

     




    As voltas que o mundo dá

     


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    CARTOLA: O Mundo É Um Moinho



    Ouça-me bem, amorPreste atenção, o mundo é um moinhoVai triturar teus sonhos, tão mesquinhoVai reduzir as ilusões a pó

    O que voce fazia quando deram o golpe de 64?

     

    Sérgio Augusto

    Não me recordo se naquele fim de semana “deu praia”. Na véspera (sexta, 27), fechei a capa do Quarto Caderno do jornal e, embora pudesse ter ido ao recém-inaugurado Zicartola com Sérgio Cabral (pai), preferi visitar a namorada, no Posto 6.

    Eu, como de hábito e obrigação, escrevia. Fizera, na sexta, um texto sobre um golpe militar – não aqui, pois vidente nunca fui, mas nos EUA. Dali a semanas estrearia o thriller Sete Dias de Maio. Sem qualquer intenção provocativa, foi com aquela “conspiração em Washington” em sua primeira página que o 4.º Caderno do jornal chegou às bancas no domingo de Páscoa.

    A conspiração fardada daqui, além de real, transformara a redação numa tensa bolsa de apostas. “Vai ter golpe?” “Quando?” Em polvorosa, a mesma Marinha que, cinco décadas e meia antes, nos proporcionara a Revolta da Chibata e recentemente ostentou em seu passadiço um almirante golpista com nome de editora do século 19, ameaçava, naqueles idos de março, fazer do País um Potemkin tupiniquim.

    O Correio da Manhã, legalista, defendera a posse de Jango, três anos antes, mas julgava seu governo sem autoridade e anarquizado. Não faltava na cúpula do jornal quem, lacerdista ou não, conspirasse abertamente pela saída do presidente.

    Tarde da noite de segunda-feira, 30, fui, por acaso, um dos primeiros a ler, ainda em prova, o histórico editorial Basta!, no qual o jornal chutou, sem dó, o pau da barraca. “Isso vai dar merda”, comentei com o companheiro mais próximo, que não discordou de mim.

    E os primeiros tanques, insurrecionados por um xará do general Mourão, desceram de Juiz de Fora, mesma cidade mineira onde, 54 anos mais tarde, uma canhestra facada turbinaria a ascensão ao poder de um flagelo chamado Jair Bolsonaro.

    Quando sobreveio a quartelada, meu companheiro de redação Carlos Heitor Cony convalescia em casa de uma apendicectomia. De pronto reinstalado em sua coluna, resumiu à perfeição numa frase o que havia acontecido: “Foi um simples golpe de direita para a manutenção de privilégios”. E também para calar, prender, torturar e matar desafetos. Mas isto a gente só ficaria sabendo com a desgraceira já em andamento.

    ESTADÃO 

    Ykenga se encontrando com Nani Lucas



    NEI LIMA

     

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    Gregorian - Hurt (Trent Reznor)



    Everyone I know goes awayIn the end

    What a surprise! Free speech absolutist Elon Musk doesn’t really love free speech

     ‘Elon Musk will defend someone’s right to use transphobic and ableist language online to the very end but God forbid anyone should exercise their freedom of speech to say anything bad about him!’ Photograph: Theo Wargo/WireImage

      Arwa Mahdawi

    Let’s check in on the platform formerly known as Twitter shall we? Let’s have a gander at how it’s doing since Elon Musk, the world’s cleverest man, decided to set its extremely valuable brand equity on fire and rename it “X”.

    Huh, what do you know, it looks like it’s doing X-tremely poorly. Usage in the US has dropped by more than a fifth since Musk took the platform over in late 2022, a recent analysis found. This week Musk, who once named himself “Chief Twit”, also chaotically reversed his policy of making people pay for “verified status” and started forcing blue ticks on the site’s most-followed accounts – to the dismay of many users.

    X might not be at the top of its game right now but, to be fair, Musk has plenty of other companies. So how’s Tesla doing? Not so great either, apparently. Inventory is piling up and the company is resorting to big discounts in order to shift cars. Meanwhile the Biden administration recently criticized SpaceX (another Musk company) for how heavily its operations are subsidized by the public.

    While some of his biggest businesses are plagued with problems, Musk’s attention seems to be elsewhere. Half the time he seems to be tweeting about how he’ll never go to therapy or dramatically unfollowing his ex on X. The rest of the time the billionaire appears to be consumed by his favourite hobby: funding ridiculous lawsuits.

    Last year Musk, who likes to refer to himself as a “free speech absolutist”, grandly announced that he would help pay the legal bills for people who felt they were “unfairly treated” for posting on Twitter. Musk was inundated with people asking for help and, last week, X officially announced that it was funding a lawsuit filed by Chloe Happe against her former employer Block – the financial technology company set up by Jack Dorsey, the founder of Twitter. While it’s not clear why Block terminated Happe, the lawsuit alleges it was because of her behaviour on Twitter.

    “Block fired Chloe because of the political opinions she expressed on X,” the official X News account tweeted. “Chloe had two pseudonymous accounts on X, @bronzeageshawty and the now-deprecated @samsarashawty … because some of the opinions she expressed in her X accounts did not conform to the prevailing political orthodoxy, Block fired her, in violation of the law.”

    So what were those brave views that X is defending? Well, there are two key tweets (both of which Happe subsequently deleted) that are at the center of the lawsuit. One, described in the court filing as the “Restroom Post” said: “Looking fear in the eyes today as I’m using the ADA gender neutral restroom in the office and a retarded tranny in a wheelchair knocks on the door.”

    The other tweet is described as the “Refugee Post”. In this one, posted soon after 7 October 2023, Happe pretended to be a “citizen” of Kurdistan (which is a region, not a country) and joked about refugees from Gaza coming to the area. Happe regularly uses this particular pseudonymous account to pretend to be a woman in Kurdistan with a sheep-herding husband and tweet “witticisms” like: “beautiful big tittie kurdish women just don’t fall out of the sky you know.”

    Regardless of what you think about Happe’s comments, this seems like a bizarre case to throw your weight behind. I mean, let’s be very clear here: one of the richest and most influential men in the world has decided to invest his considerable resources in fighting for a woman’s right to say “tranny” and “retarded” online.

    A cynic might say the motivation behind this lawsuit is not so much free speech as it is childish trolling. Musk, after all, has routinely demonstrated that he has the maturity of a 12-year-old. This is a man, let us not forget, who whited out the “w” on the Twitter office sign because he thought it would be funny for people to work at “titter”.

    Despite the fact that he styles himself as a free speech warrior, Musk has also made it very clear that he’s not keen on certain forms of free speech. He will defend someone’s right to use transphobic and ableist language online to the very end but God forbid anyone should exercise their freedom of speech to say anything bad about him! The thin-skinned billionaire has forced employees to sign restrictive non-disparagement agreements and Twitter has been accused of suspending the accounts of journalists who have covered the platform. There are also claims that the platform has censored Palestinian public figures and suspended accounts which have been critical of Israel’s war on Gaza.

    Musk has also weaponized the law to try to shut down his critics. Last month, for example, a judge dismissed a case X had filed against the Center for Countering Digital Hate (CCDH), a non-profit that has published reports detailing a rise in hate speech and racist content on X since the Musk takeover.

    “Sometimes it is unclear what is driving a litigation …” wrote Charles Breyer, the US district judge, in the ruling. “Other times, a complaint is so unabashedly and vociferously about one thing that there can be no mistaking that purpose … This case is about punishing the defendants … X Corp has brought this case in order to punish CCDH for CCDH publications that criticized X Corp – and perhaps in order to dissuade others who might wish to engage in such criticism.”

    Musk actively trying to suppress criticism while posturing as a free speech warrior? Gosh, it’s almost like the man is a raging hypocrite.

    GUARDIAN 

     

    Silencing Lennon

     

    JEFFREY ST. CLAIR :

     + In 1972. the Nixon administration moved to deport John Lennon and Yoko Ono, on trumped-up charges that they’d overstayed the terms of their visa. The real motive was to silence Lennon during the elections because Nixon feared his influence on the youth vote, which was set to include 18 to 20-year-olds for the first time. The idea to target Lennon originated with Joe Biden’s old pal, Strom Thurmond, according to Lennon’s immigration lawyer, Leon Wildes. Thurmond was a member of the old McCarthy Committee, still going strong into the 1970s, which had held closed-door hearings on the subversive threat posed by John Sinclair and the White Panther Party, whom Lennon had supported when Sinclair was sentenced to a 10-year prison sentence for possession of two joints. After the hearings, Thurmond wrote a memo to Nixon’s attorney general, John Mitchell, warning of Lennon’s association with Sinclair and other figures of the New Left, including Jerry Rubin, Abbie Hoffman and Bobby Seale. Thurman wrote that “members of the Chicago 7 had devised a plan to hold rock concerts in various primary election states to recruit persons to come to San Diego for the Republican National Convention in 1972” and that “they intend to use John Lennon as the drawing card to promote their success. If Lennon’s visa is terminated it would be a strategic counter-measure.” 

    segunda-feira, abril 15, 2024

    Elon & Jair



    DANIEL LAFAYETTE

     

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    BROCOIÓ


     

    Arctic Monkeys - Do I Wanna Know? (Official Video)



    Have you got colour in your cheeks?
    Do you ever get that fear that you can't shift
    The type that sticks around like summat in your teeth?
    Are there some aces up your sleeve?
    Have you no idea that you're in deep?
    I dreamt about you nearly every night this week

    Bill Callahan - The Mackenzies



    My car broke downIn front of my houseI was turning it over and overAnd an older man came runnin' outHe said "Don't you do that, sonYou'll only make it worse
    I'll call my buddy KojiHe can fix anythingAnd he owes meAnd my just look at the timeIt's almost beer-thirtyYa must be thirstyCome on inside with meJoin the family"

    6 paquetaenses





     

    Irã ataca !



    AMORIM

     

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    Beyoncé - DAUGHTER



    They keep sayin' that I ain't nothin' like my fatherBut I'm the furthest thing from choir boys and altarsIf you cross me, I'm just like my fatherI am colder than Titanic water

    Elon Musk deu um baile no Brasil e venceu

     

    Homem branco de cabelo curto no lado direito da imagem.
     

    Ronaldo Lemos

    Elon Musk jogou nos últimos dias uma casca de banana para os brasileiros. O Poder Judiciário, o Executivo, o Legislativo, a imprensa e a sociedade civil atravessaram a rua só para ir pisar e escorregar nela. Há uma regra fundamental da internet que diz: "Nunca brigue com um porco. Todos irão se sujar, mas o porco gosta". Musk não só gostou da brincadeira, como graças a ela conseguiu politicamente tudo o que queria em prazo recorde.

    Nossas instituições deveriam ter ignorado solenemente as ameaças de Musk no X. Se ele cruzasse a linha e de fato descumprisse ordens judiciais (o que não ocorreu), as consequências deveriam ser legais, dadas nos autos do processo. Ao respondermos a tuítes com ameaças hipotéticas, por meio de centenas de artigos na imprensa, declarações de autoridades, bravatas e movimentações processuais espetaculares, o Brasil transferiu o debate do STF (Supremo Tribunal Federal) para o tribunal da internet. E nesse tribunal Musk é rei.

    Vejamos os estragos. Em quatro dias, com seus tuítes, ele conseguiu a demissão do relator do projeto de lei das Fake News, deputado Orlando Silva, de forma sumária. Um movimento raro no Congresso, ainda mais de forma tão abrupta. Musk também conseguiu que o presidente da Câmara trabalhasse para ele, criando uma comissão especial para escrever uma nova lei para internet no país em 40 dias (o que poderia dar errado com tanta pressa?).

    Também colocou o Supremo para trabalhar para ele. Com um punhado de tuítes fez o STF pautar ações de constitucionalidade sobre a regulação da internet que estavam paradas há meses. Conseguiu também que o Supremo incluísse Musk pessoalmente como investigado no inquérito dos ataques à democracia. As luzes da ribalta brilharam forte sobre ele, do jeito que ele gosta. Por fim, conseguiu eletrizar toda uma corrente política que andava cabisbaixa nos últimos meses. Jogou como um mestre, como um "boss" de videogame.

    Isso indica que a imprensa, a sociedade civil e as instituições do país não aprenderam nada nos últimos oito anos. Esse protocolo de ação política já aconteceu tantas vezes. Mesmo assim, quando Pedro gritou lobo pela milésima vez, saímos todos correndo de novo para ver se era verdade. Deu no que deu. Nos últimos quatro dias, Elon Musk reinou no país.

    Especificamente com relação ao Judiciário, Musk foi mestre. No seu grande jogo, ele está construindo o caminho para a figura mais temida no campo do direito: a desconfirmação. O poder, para ser exercido, precisa manter sempre a aparência de eficácia. Quando ele passa a ser ignorado, termina por se tornar patético, deixando de ser poder.

    Musk está construindo um aparato para conseguir ignorar ordens dos Estados nacionais. Esse aparato tem ao menos três elementos. O incentivo ao uso de VPNs, sistema que permite furar a capacidade da Anatel e das operadoras de bloquear sites e serviços no Brasil. Se um número significativo de pessoas passar a usar VPNs, o Judiciário perde a capacidade de fazer bloqueios. Será então tentado a bloquear as próprias VPNs, um passo que nenhum país democrático deveria dar.

    Outro tijolo no muro da desconfirmação que Musk está construindo é a ameaça de encerrar o escritório do X (Twitter) do Brasil, colocando-o fora do alcance da jurisdição brasileira. Sem presença no país, seria preciso recorrer a tratados internacionais e à cooperação judicial de outros países, o que é não só demorado como improvável de ter qualquer eficácia.

    Por fim, a grande cartada do poker da desconfirmação de Musk chama-se Starlink. O empresário é dono hoje do maior provedor de internet por satélite de baixa órbita do planeta. Basta viajar pelo interior do Brasil, incluindo a região amazônica, para ver como o Starlink já tem raízes profundas no Brasil. Sua próxima evolução tecnológica será se conectar diretamente aos celulares, sem precisar de um aparelho especial (a Anatel já está conduzindo testes sobre isso no país).

    Como o Starlink é um provedor controlado por Musk, é possível imaginar que irá se recusar a cumprir ordens judiciais que seu dono ache descabidas, ainda mais com relação ao X, sua plataforma privada. Nesse caso, o Judiciário ficará tentado a querer bloquear o próprio Starlink. Outra linha que não deve ser cruzada e cujos efeitos colaterais seriam intoleráveis, dada a dependência e popularidade do serviço no país.

     Celso Lafer diz que o exercício do direito é o exercício da prudência. O Judiciário brasileiro está lidando com um tipo novo de manipulação. Não deveria deixar a prudência de lado. Ao agir com o fígado, transfere poder para o tribunal da internet e ajuda na agenda da sua própria desconfirmação.

    Afinal, Musk é muito mais influente sobre as big techs do que gostamos de perceber. Ele é o boiadeiro que atira à água os primeiros bois de piranha. Demitiu milhares de pessoas do Twitter. Deu certo. Todas as big techs fizeram o mesmo. Reduziu investimentos em segurança na plataforma. Deu certo. Todas as big techs fizeram o mesmo. Está agora construindo a teia para começar a ignorar ordens judiciais (e leis) que acha que não são alinhadas à sua ideia particular de liberdade de expressão e aos interesses do seu negócio. Se der certo, outros irão atrás.

    O Brasil pode ser mais inteligente e estratégico do que foi nos últimos quatro dias. Está na hora de enxergar as coisas como elas são. A começar pelas cascas de banana.

    FOLHA  


    YKENGA



    GEUVAR

     

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    Musk nao ameaçaria sair do Brasil se X fosse rentável como Google e Meta

     


     LEONARDO SAKAMOTO 

     A operação do X (antigo Twitter) por aqui nunca foi rentável como a do Google (que tem o maior mecanismo de busca e o YouTube) e a da Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp). E ela tende a ficar ainda mais cara uma vez que o Brasil vem tentando impor às plataformas um padrão de cuidado semelhante ao que ocorre em países na Europa, o que demanda mais departamento jurídico, inteligência artificial e curadoria humana. E Elon Musk se incomoda em investir mais.

    Em meio aos ataques a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Musk disse que fechará a empresa no Brasil mesmo que isso prejudique o seu lucro. A realidade pode ser o oposto: a manutenção da operação no Brasil tende a ser cada vez menos rentável e, portanto, menos interessante caso ele tenha que seguir as regras. E isso em um contexto em que a empresa despencou em valor de mercado e em receita publicitária nos EUA desde que ele a comprou.


    Simplesmente desmontar uma operação no maior país da América Latina e demitir pessoas traria um ônus negativo para ele, que vende a imagem de empresário bem-sucedido. Daí, construir uma narrativa vem bem a calhar. Com todo o quiprocó que armou ao ameaçar com o descumprimento de decisões judiciais e saída do Brasil, agora ele pode fazer a mesma coisa e ainda vender a imagem de “paladino global da liberdade de expressão” e de “protetor mundial da democracia”.


    Ele está muito menos preocupado com a liberdade latino-americana do que com seus próprios negócios e com a política interna nos Estados Unidos. Mostrou isso ao desistir do edital para internet por satélite no Brasil depois que ele foi revisado para evitar privilégios à sua Starlink. E com a Tesla perdendo força para a BYD chinesa, o liberal (sic) Musk sonha com o intervencionismo do Tio Sam para ajudá-lo.
    Isso não significa que Musk não acredite no que fala ou não siga um receituário que estimule a extrema direita global. Sim, ele acredita e sim seu comportamento agride a democracia sob a justificativa de protegê-la. Mas questões ideológicas são apenas parte da história, uma vez que ele mesmo já deixou claro que a sua liberdade para os negócios deve estar acima de tudo.

    UOL 


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